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Recortes da terapia: o luto
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Continue lendo →: Recortes da terapia: o lutoO consultório estava mergulhada em um silêncio que quase parecia palpável, como se cada palavra a ser dita precisasse atravessar um campo denso e silencioso. Ele a observava com um cuidado reverente, tentando captar os fragmentos de dor que ela carregava e que não cabiam em uma só expressão. Ela…
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Continue lendo →: A vida não cabe em horários rígidos
Há uma tirania silenciosa nos ambientes de trabalho que poucos ousam questionar. Ela não grita, não se impõe com dureza, mas está ali, o tempo todo, marcando nossos passos: o relógio. Entrar às 8h, sair às 18h, bater o ponto sem desviar um minuto, sem hesitar. Um ritual diário, imposto…
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Continue lendo →: Entre uma decepção e outra: quem é o vilão?
Esses dias, saí para jantar com uma amiga. Mal sentamos e ela já começou a desfiar sua mais recente decepção amorosa. A narrativa era familiar: encontros que pareciam promissores, conversas intensas, até que, de repente, tudo se desmoronou. “Acho que esperei demais”, ela disse, como quem admite um erro antigo,…
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Continue lendo →: Permissão para ser muitos
Enquanto me pego perdido, buscando por fragmentos que me levem novamente a quem um dia fui, percebo que talvez não haja mais volta. O eu de antes, que habita nas sombras das memórias, se tornou como fumaça. Quanto mais tento segurá-lo, mais ele escapa, dissolvendo-se no ar diante de mim.…
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Continue lendo →: A vida de Thereza não cabia em agendas
Thereza tentava, mas nunca se ajustava às agendas. Segunda-feira, como um ritual forçado, abria o caderno e desenhava a vida em quadrados, horários, compromissos. Um esforço quase ingênuo de aprisionar o tempo. Mas o tempo? Ah, o tempo se ria dela. Escapava pelas margens das páginas, dissolvia-se entre as linhas.…
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Continue lendo →: Havia uma liberdade na queda
Ela não sabia exatamente quando começou a sentir o peso. Não era uma dor, nem uma angústia nítida. Era uma sensação que vinha aos poucos, como quem carrega algo sem perceber, até que um dia se dá conta de que está mais curvada do que deveria. Tudo estava no lugar,…
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Continue lendo →: Ainda sou capaz de me chocar…
Às vezes, penso nas coisas que permitimos que nos toquem. Não no sentido físico, mas no sentido invisível, no que atravessa os olhos e se instala, silencioso, dentro da gente. Outro dia, enquanto passava pelos rostos e notícias no Instagram, algo me parou. Não foi uma escolha consciente, foi como…
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Continue lendo →: Quase não quero ser percebida
Ela vivia como se estivesse sempre ao fundo, em um canto de si mesma, evitando ser notada. Thereza era um nome que deslizava pelos ouvidos das pessoas sem deixar rastro, como um sussurro que nunca se quis alto. Nas conversas, suas palavras eram curtas, precisas, medidas para não chamar atenção,…
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Continue lendo →: Dançando com o (des)equilíbrio
Esses dias, enquanto revia o documentário O Equilibrista*, fui fisgado por uma onda de reflexão que me deixou sem fôlego. Imaginei a cena: um homem, apenas um homem, suspenso no ar, atravessando um fio invisível entre as Torres Gêmeas. Lá em cima, ele desafia a gravidade e a razão, mas…
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Continue lendo →: Recortes da terapia: o vazio
A meia-luz da sala era um reflexo de algo maior, mais profundo. O relógio na parede marcava a passagem do tempo com uma indiferença que doía, como se cada segundo arrastasse consigo uma partícula de existência que se esvaía. Ela estava ali, à minha frente, carregando nos olhos uma ausência…