Ausente, sim, como se o meu ser tivesse se desfeito nas brumas de uma manhã esquecida. Há um silêncio em mim, um silêncio que não sabe dizer, que apenas murmura em algum lugar entre o peito e a alma. Sou invadido por vontades que não reconheço, que se infiltram como sombras, e quando tento agarrá-las, escorrem entre meus dedos como água.
Esses desejos, esses fantasmas sem rosto, me cercam, me espreitam. Não sei de onde vêm, nem o que querem, mas sinto sua presença constante, um sussurro na minha mente que insiste em lembrar-me de algo que não consigo recordar. Talvez sejam fragmentos de mim mesmo, pedaços de uma existência que ainda não vivi, ou memórias de um futuro que ainda não aconteceu.
Tudo isso me assombra, como se eu estivesse à beira de um abismo que me chama, mas que não sei se devo atender. Há uma urgência silenciosa, um chamado sem palavras, e eu, perdido, tento traduzir o que meu corpo sente, o que minha alma grita, mas as palavras me fogem, como se também elas se recusassem a serem capturadas.
Então, permaneço nesse estado, ausente de mim e do mundo, buscando o que não sei, tentando compreender o incompreensível. E quem sabe, um dia, ao me encontrar, eu finalmente consiga nomear esses desejos, dar forma a essas vontades, e me libertar das correntes invisíveis que agora me aprisionam.
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