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Crônicas sobre a vida e o cotidiano através do olhar de um psicólogo humanista (…)

Esses dias, enquanto revia o documentário O Equilibrista*, fui fisgado por uma onda de reflexão que me deixou sem fôlego. Imaginei a cena: um homem, apenas um homem, suspenso no ar, atravessando um fio invisível entre as Torres Gêmeas. Lá em cima, ele desafia a gravidade e a razão, mas o que mais me intrigou foi perceber que, de certa forma, todos nós vivemos em nossa própria corda bamba. Equilibramos expectativas, responsabilidades e aquela cobrança incessante de estar sempre bem. Como se o mundo inteiro estivesse à espreita, esperando nosso próximo passo, torcendo, em silêncio, para que não tropecemos.

Mas será que essa é a verdadeira beleza da vida? Manter o equilíbrio a qualquer custo? O equilibrista, lá no alto, sabe que cada passo é uma dança com o desequilíbrio. Ele não anda como se estivesse numa calçada firme, mas sim como se estivesse em um mar de incertezas, aceitando que cada movimento traz o risco de queda. E talvez seja exatamente isso que o torna tão fascinante. Ele não se ilude com a ideia de perfeição; ele sabe que o fio é instável e que sua habilidade está em se adaptar, em responder aos desequilíbrios com flexibilidade, não com rigidez.

E foi aí que me perguntei: por que nós, aqui embaixo, insistimos em nos cobrar tanto por cada vacilo? O equilibrista não é imune ao erro, ele apenas aprendeu a flertar com ele, a aceitar que o erro faz parte da travessia. Nós, por outro lado, vivemos com a obsessão de não cair, de manter uma fachada impecável, como se admitir uma falha fosse expor uma fraqueza intolerável.

Mas e se a vida não for sobre manter-se de pé o tempo todo? E se o verdadeiro equilíbrio não estiver em nunca cair, mas em saber como cair e, mais importante, como se levantar? O equilibrista, quando perde o controle, não se recrimina. Ele aceita o momento, respira, e começa de novo, porque entende que é essa a essência do seu ofício. A queda, para ele, não é um fracasso, mas uma oportunidade de reencontrar seu centro.

Talvez seja isso que nos falta: a sabedoria de aceitar nossos tropeços, de acolher nossos momentos de fragilidade sem culpa. Porque a vida, tal como o fio do equilibrista, é feita de oscilações. O desafio não é evitá-las, mas aprender a balançar com elas, a entender que o desequilíbrio é tão natural quanto o equilíbrio.

Então, da próxima vez que você sentir que está perdendo o controle, lembre-se do equilibrista. Permita-se vacilar, permita-se cair, e, acima de tudo, permita-se não se cobrar tanto por isso. Porque o verdadeiro espetáculo da vida não está em nunca errar, mas em como nos levantamos e continuamos, sabendo que cada queda só nos torna mais humanos.

*O documentário está disponível no Prime Vídeo.

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Sobre o autor

Oiiie 🙂 Seja bem vindo! Eu me chamo Marcos André, um apaixonado pela leitura e a escrita. Nasci em uma manhã chuvosa de dezembro, na cidade de Macapá, no Amapá. Desde muito pequeno percebi que gostava de imaginar histórias, criar cenários, inventar personagens e escrever sobre minhas inquietações. Sempre fui mais de ouvir do que de falar e isso me levou ao curso de Psicologia, profissão que exerço, hoje, no funcionalismo público. Aqui trarei um pouco das minhas reflexões existenciais sobre a vida, o cotidiano, o óbvio, o trivial etc… Fique à vontade.

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