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Crônicas sobre a vida e o cotidiano através do olhar de um psicólogo humanista (…)

Às vezes, penso nas coisas que permitimos que nos toquem. Não no sentido físico, mas no sentido invisível, no que atravessa os olhos e se instala, silencioso, dentro da gente. Outro dia, enquanto passava pelos rostos e notícias no Instagram, algo me parou. Não foi uma escolha consciente, foi como se eu tivesse sido atingido por algo que não pedi para ver. Perplexo, me dei conta: ainda sou capaz de me chocar.

Mas o choque não foi tanto pela notícia, foi pelo susto de ainda sentir algo, como se, no meio de tanta informação e ruído, eu tivesse esquecido que, por trás da tela, estou exposto. E esse susto revelou algo maior, algo mais profundo, mais sutil. Como se a minha própria pele não fosse barreira suficiente para o que o mundo insiste em invadir. Estamos mais expostos do que imaginamos, mais vulneráveis do que admitimos.

Vulneráveis. Palavra que carregamos como uma ferida aberta, que não queremos ver, mas que existe. Ela lateja nas entrelinhas do que consumimos sem pensar. Achamos que somos impenetráveis, que criamos barreiras sólidas, feitas de silêncio e distância. Mas não. Há fissuras, pequenas, quase invisíveis, por onde o mundo escapa e nos atinge. E quando algo entra, somos forçados a lembrar que, apesar do controle que achamos ter, estamos sempre abertos, sempre à mercê de ser tocados.

O que me desconcertou foi essa descoberta. De que, mesmo sem querer, permito que algo me acesse. Que, apesar do cansaço, da proteção que o tempo construiu em mim, ainda há frestas. Não tenho controle sobre o que entra e me toma. E talvez seja isso — essa falta de controle — que me faz sentir vivo. Porque ser vulnerável é isso: estar exposto ao inesperado, ao incômodo, àquilo que me desarma sem aviso.

A verdade é que essa abertura, essa capacidade de ser atravessado pelo mundo, me lembra de algo essencial. Que ainda estou aqui. Que ainda sou capaz de ser afetado. E talvez isso, no fundo, seja a única coisa que nos salva do entorpecimento de existir. A surpresa de sentir, de ser vulnerável, nos empurra de volta para nós mesmos.

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Sobre o autor

Oiiie 🙂 Seja bem vindo! Eu me chamo Marcos André, um apaixonado pela leitura e a escrita. Nasci em uma manhã chuvosa de dezembro, na cidade de Macapá, no Amapá. Desde muito pequeno percebi que gostava de imaginar histórias, criar cenários, inventar personagens e escrever sobre minhas inquietações. Sempre fui mais de ouvir do que de falar e isso me levou ao curso de Psicologia, profissão que exerço, hoje, no funcionalismo público. Aqui trarei um pouco das minhas reflexões existenciais sobre a vida, o cotidiano, o óbvio, o trivial etc… Fique à vontade.

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