As amizades têm um jeito curioso de funcionar, como planetas num sistema solar particular. Cada uma ocupa uma órbita, desenhando trajetórias que, de tão únicas, parecem até coreografadas. Algumas giram pertinho, quase coladas, iluminando o dia a dia com uma presença que não se mede por tempo, mas por intensidade. Outras se afastam, vão para longe, mas sem nunca sair de vista. Estão lá, como estrelas cadentes que você torce para cruzar o céu de novo.
De vez em quando, o alinhamento muda. Quem era confidente de café vira amigo de mensagens esparsas, e tudo bem. Não é falta de afeto, é mudança de estação. Afinal, ninguém exige que as árvores mantenham as folhas sempre iguais. Por que seria diferente com a gente? Há um ritmo próprio para cada vínculo, e o mais bonito é respeitar a dança que ele escolhe.
Há também aquelas amizades que são como luas: sempre ali, mesmo que você não as veja. Elas aparecem nas horas mais inesperadas, iluminando os momentos escuros com um brilho discreto, mas essencial. São as amizades que não demandam presença diária, que não cobram explicações, mas que estão sempre prontas para aparecer quando o coração chama. Esses amigos-luas nos lembram que o verdadeiro valor de uma amizade está na segurança de saber que o outro está lá, mesmo que não o vejamos o tempo todo.
E o que dizer das amizades que simplesmente somem, sem aviso? Não deixam saudade, mas ensinam: não é sobre a quantidade de amigos, é sobre o espaço que cada um ocupa na sua constelação interna. Existem também as amizades que se renovam, como um jardim que precisa ser regado e cuidado. Não por obrigação, mas por desejo. Você percebe que algumas flores murcharam e novas brotaram no lugar, porque assim é a natureza da convivência: troca, reinvenção, reconstrução.
Às vezes, é preciso reaprender a ser amigo, entender que o outro também mudou, que suas prioridades já não são as mesmas, e, ainda assim, aceitar esse novo formato. No fundo, o que mantém as amizades vivas é o carinho que se sobrepõe a qualquer transformação. Afinal, o que é verdadeiro não se perde, só encontra outra forma de existir.
É um movimento contínuo, um ciclo sem fim. As amizades não são estáticas, porque nós também não somos. Crescemos, mudamos, nos contradizemos. E as amizades, generosas como são, acompanham. Algumas mais de perto, outras de longe. No fundo, elas obedecem à única lei que rege a vida: tudo que é verdadeiro encontra sua forma de permanecer, mesmo que seja em outro formato.
E assim seguimos, orbitando uns aos outros, respeitando os movimentos do universo.
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